terça-feira, 23 de março de 2010

Suplementos Protéicos X BCAA


As proteínas solúveis do soro do leite, também conhecidas como whey protein são extraídas da porção aquosa do leite, gerada durante o processo de fabricação do queijo.Estas proteínas apresentam quase todos os aminoácidos essenciais em excesso às recomendações, exceto pelos aminoácidos aromáticos (fenilalanina, tirosina) que não aparecem em excesso, mas atendem às recomendações para todas as idades. Apresentam elevadas concentrações dos aminoácidos triptofano, cisteína, leucina, isoleucina e lisina.

São proteínas altamente digeríveis e rapidamente absorvidas pelo organismo, estimulando a síntese de proteínas sangüíneas e teciduais a tal ponto que alguns pesquisadores classificaram essas proteínas como proteínas de metabolização rápida fast metabolizing proteins, muito adequadas para situações de estresses metabólicos em que a reposição de proteínas no organismo se torna emergencial. Efeitos: anabolismo muscular.

O exercício físico, em geral, requer um maior aporte protéico, o que se deve a uma maior utilização de aminoácidos como fonte energética no metabolismo. Na atividade física, a diminuição da disponibilidade de aminoácidos pode limitar o efeito estimulatório da insulina sobre a síntese tecidual de proteínas. Já os excessos na ingestão de proteínas podem proporcionar efeitos negativos no metabolismo hepático e renal.Pessoas fisicamente ativas e atletas necessitam de maior quantidade protéica que as estabelecidas para indivíduos sedentários (0,8 a 1,0 g de proteína por kg/peso/dia). Pessoas envolvidas em treinos de resistência necessitam de 1,2 a 1,4g de proteína por Kg peso/dia, enquanto que atletas de força, 1,6 a 1,7g por kg peso/dia.
A ingestão de proteína ou aminoácidos, após exercícios físicos, favorece a recuperação e a síntese protéica muscular. Além disso, quanto menor o intervalo entre o término do exercício e a ingestão protéica, melhor será a resposta anabólica ao exercício. A quantidade e o tipo de proteína ou de aminoácido, fornecidos após o exercício, influenciam a síntese protéica.O perfil de aminoácidos das proteínas do soro, principalmente ricas em leucina, pode favorecer o anabolismo muscular. Além disso, o perfil de aminoácidos das proteínas do soro é muito similar ao das proteínas do músculo esquelético, fornecendo quase todos os aminoácidos em proporção similar às do mesmo, classificando-as como um efetivo suplemento anabólico. Estudos demonstram que as proteínas do soro são absorvidas mais rapidamente que outras. Essa rápida absorção faz com que as concentrações plasmáticas de muitos aminoácidos, atinjam altos valores logo após a sua ingestão. Pode-se, dessa forma, hipotetizar que, se essa ingestão fosse realizada após uma sessão de exercícios, as proteínas do soro seriam mais eficientes no desencadeamento do processo de síntese protéica.Além de aumentar as concentrações plasmáticas de aminoácidos, a ingestão de soluções contendo as proteínas do soro aumenta, significativamente, a concentração de insulina plasmática, o que favorece a captação de aminoácidos para o interior da célula muscular, estimulando a síntese e reduzindo o catabolismo protéico. Assim, seus benefícios sobre o ganho de massa muscular estão relacionados ao perfil de aminoácidos, principalmente da leucina (um importante desencadeador da síntese protéica), a rápida absorção intestinal de seus aminoácidos e peptídeos e a sua ação sobre a liberação de hormônios anabólicos, como, por exemplo, a insulina.

Redução de gordura corporal

Vários trabalhos têm mostrado que as proteínas do soro favorecem o processo de redução da gordura corporal, por meio de mecanismos associados ao cálcio, e por apresentar altas concentrações de BCAA.

As proteínas do soro são ricas em cálcio (aproximadamente 600mg/100g). Diversos estudos epidemiológicos têm verificado uma relação inversa entre a ingestão de cálcio, proveniente do leite e seus derivados, e a gordura corporal. Uma provável explicação seria que o aumento no cálcio dietético reduz as concentrações dos hormônios calcitrópicos, em altas concentrações, esse hormônio estimula a transferência de cálcio para os adipócitos. Nos adipócitos, altas concentrações de cálcio levam à lipogênese (síntese de novo) e à redução da lipólise. Portanto, a supressão dos hormônios calcitrópicos mediada pelo cálcio dietético, pode ajudar a diminuir a deposição de gordura nos tecidos adiposos. As proteínas do soro poderiam oferecer uma vantagem sobre o leite como fonte de cálcio, em pessoas intolerantes à lactose, uma vez que grande parte dos suplementos à base de proteínas do soro é praticamente isenta de lactose, e pelo fato de essa proteína apresentar percentual de gordura menor que 2%.Estudos mostram que o alto teor de BCAA das proteínas do soro afeta os processos metabólicos da regulação energética, favorecendo o controle e a redução da gordura corporal. Pesquisas têm reavaliado a contribuição dos BCAA para a homeostase glicêmica, pois esses aminoácidos são degradados nos tecidos musculares em proporção relativa à sua ingestão, o que aumenta as concentrações plasmáticas dos aminoácidos alanina e glutamina, que são transportadas para o fígado para a produção de glicose (gliconeogênese). Estudos sugerem que o ciclo alanina-glicose contribui em até 40% com a glicose endógena produzida durante o exercício, e em até 70% depois de um jejum noturno, estabilizando, portanto, a glicemia em períodos de jejum, e reduzindo a resposta da insulina após as refeições. Por elevar as concentrações plasmáticas de BCAA, a utilização de proteínas do soro nesses tipos de dietas seria vantajosa por reduzir a liberação de insulina pós-prandial e maximizar a ação do fígado no controle da glicemia, a partir da gliconeogênese hepática.Além disso, pelo fato de a leucina atuar nos processos de síntese protéica, altas concentrações desse aminoácido favorece a manutenção da massa muscular durante a perda de peso.Comparando as duas principais proteínas do leite, caseína e as proteínas do soro, observa-se que, o efeito desta última reduz significativamente o apetite, a ingestão energética e aumenta a sensação de saciedade. Sua utilização em dietas para perda de peso auxilia o controle da glicemia e a preservação da massa muscular devido às altas concentrações de BCAA.

Efeitos sobre o desempenho físicoEstudos sugerem que o estresse oxidativo produzido durante a atividade física, contribui para o desenvolvimento da fadiga muscular, diminuindo o desempenho. O provável efeito de se suplementar proteínas concentradas do soro sobre o desempenho físico, estaria relacionado ao alto teor de cisteína, aminoácido precursor da glutationa que é o principal agente antioxidante, reduzindo disfunções musculares causada pelos agentes oxidantes.

Conclusão* Suplementos Protéicos: Proteínas solúveis do soro do leite apresentam um excelente perfil de aminoácidos, caracterizando-as como proteínas de alto valor biológico. Os exercícios de força, como por exemplo, a musculação, a hidroginástica e a ginástica localizada, exigem maior consumo de proteínas quando comparados com os de resistência, uma vez que para o reparo das microlesões celulares, as proteínas são parte essencial. A ocorrência das microlesões musculares decorrentes da prática esportiva está intimamente ligada com o tipo de contração muscular, mais solicitadas em um determinado exercício físico.Exercícios físicos exaustivos causam depressão imunológica (produção de radicais livres e catabolismo protéico), as proteínas do soro de leite e seus hidrolisados agem estimulando o sistema imune (celular e humoral), sendo antioxidantes e seqüestrantes de radicais livres. * BCAA: Os aminoácidos essenciais de cadeia ramificada, LEUCINA, VALINA e ISOLEUCINA, favorecem o anabolismo, assim como a redução do catabolismo protéico, auxiliando o ganho de força muscular e reduzindo a perda de massa muscular durante a perda de peso. A ingestão recomendada é de 3g/dia, uma quantidade facilmente obtida através dos alimentos protéicos.Para atletas de resistência, particularmente aqueles que competem em corridas mais longas (mais de 2h), tais como maratonas, triatlos, ciclismo de rua, caminhada e corridas rústicas, os suplementos com BCAA podem ajudar a retardar a fadiga central e manter o desempenho mental.Níveis sanguíneos baixos de BCAA podem acelerar a produção de serotonina, neurotransmissor que leva a fadiga central. O triptofano é um precursor da serotonina e pode ser mais facilmente transportado para o cérebro quando os níveis de BCAA no sangue encontram-se baixos, pois níveis elevados de BCAA bloqueiam o transporte do triptofano para o cérebro. Durante o exercício, na medida em que os glicogênios muscular e hepático são depletados para a produção de energia, os níveis de BCAA também diminuem, enquanto os níveis de ácidos graxos aumentam para servir como uma fonte adicional de energia. O problema dos ácidos graxos extras no sangue é que eles necessitam ligar-se à albumina (carreador de proteína) ao fazer isso, os ácidos graxos extras deslocam o triptofano do seu lugar e facilitam o transporte do triptofano para o cérebro para a conversão em serotonina. Portanto, a associação de níveis reduzidos de BCAA e elevados de ácidos graxos no sangue faz com que mais triptofano penetre no cérebro e mais serotonina seja produzida, o que causa fadiga central. Acredita-se que a suplementação da dieta com BCAA bloqueie o transporte de triptofano e, consequentemente, retarde a fadiga.Em geral, constatou-se que a suplementação aguda de BCAA (imediatamente antes ou durante o exercício) aumenta o desempenho mental, melhora a resistência cíclica e reduz o tempo necessário para completar uma maratona.


Referências Bibliográficas:


HARAGUCHI, F.K; ABREU,W.C.; Heberth DE PAULA,H. Proteínas do soro do leite: composição, propriedades nutricionais, aplicações no esporte e benefícios para a saúde humana. Revista de Nutrição, Campinas, 19(4):479-488, jul./ago., 2006.NETO, Joaquim Maria Ferreira Antunes, et al. Manutenção de Microlesões celulares e respostas adaptativas a longo prazo no treinamento de força. Brazilian Journal of Biomitricity. Campinas, v.1, n. 3. Disponível em: . Acesso em 24 de ago. 2009.SGARBIERI,V.C. Propriedades fisiológicas-funcionais das proteínas do soro de leite. Revista de Nutrição, Campinas.